O início - 1985
Nascimento, palavra que traz em si o conceito de vida, é a origem do próprio Instituto Claret. Nos inícios da década de 1980, a partir da observação da quantidade de bebês e crianças que se encontravam nos cortiços do território da Igreja da Paróquia do Coração de Maria, no distrito de Santa Cecília, mantida pelos Missionários Claretianos, o então pároco e Diretor da Revista Ave Maria Pe. Cláudio Gregianin, percebendo a realidade e necessidades das pessoas e famílias que lá moravam, iniciou uma ampla movimentação para conscientização de direitos.
Com isso, coletou a assinatura de aproximadamente 1.200 pessoas em apoio à construção de uma creche para acolher as crianças desses cortiços, que se encontravam em situação de extrema vulnerabilidade econômica, alimentar e social. O grupo de mobilização foi articulando com os poderes constituídos, e assim os paroquianos e moradores dos cortiços do bairro realizaram reuniões, manifestações e reivindicações, a fim de buscar apoio e garantia a seus direitos. Nessa época, ocorriam reuniões setoriais das diversas pastorais da Igreja, com debates em grupos de clero e leigos que envolviam também os problemas sociais.
No decorrer dos anos, com a repercussão do movimento, estiveram incansavelmente empenhados e envolvidos na elaboração e discussão de propostas para solucionar os problemas sociais do território. No entanto, durante esse período o número de moradores nos cortiços, incluindo crianças dobrou, causando superlotação e aumentando a vulnerabilidade do bairro.
Em 3 de julho de 1985 conseguiu-se efetivamente uma audiência com o Prefeito de São Paulo Mario Covas. Com a quantidade de assinaturas, repercussão do movimento e as articulações já realizadas, o grupo envolvido conseguiu sensibilizar suas reivindicações para a região, sobretudo a garantia da construção de uma creche na região para acolher os filhos dos moradores dos cortiços para que as mães, em sua grande maioria, solos, conseguissem trabalhar.
Assim, no dia 8 de setembro de 1985, dia em que se comemora na Igreja Católica o nascimento de Maria, mãe de Jesus, Pe. Claudio Gregianin, com anuência dos Missionários Claretianos, autoriza a abertura e constituição de uma Entidade Social para responder juridicamente pelas articulações e dar cumprimento ao que fosse necessário para que a obra social ocorresse.
Na sequência, o Prefeito autorizou a abertura da primeira obra social para acolher e cuidar da população infantil da região de Santa Cecília com faixa etária entre 0 e 6 anos e 11 meses. Assim, foi celebrado o primeiro contrato de parceria com a Prefeitura de São Paulo para abertura da unidade Creche Coração de Maria, em Santa Cecília, que foi inaugurada no dia 25 de novembro de 1985. Essa foi a primeira creche do bairro, que abrigou nos primeiros anos aproximadamente 200 crianças, filhos e filhas de famílias que trabalhavam, sobretudo as mães solteiras que moravam nos cortiços da região e recebiam até três salários mínimos. Além disso, o objetivo foi suprir as necessidades nutricionais, de higiene e lazer das crianças.
Os paroquianos da Igreja Coração de Maria, assim como a equipe do Centro Social Paulo VI, foram fundamentais e indispensáveis nesse processo de realização. Graças a Deus, às preces e à audácia das lideranças, o nascimento de uma creche conforme sonharam aconteceu. Por isso o nome da comunidade/mãe “Coração de Maria” dado à creche. A missão de acolher empobrecidos ali se tornou possível. Aqui cabe uma metáfora, o parto foi difícil, mesmo assim foi um sucesso, graças à fé, à esperança e ao amor à causa da vida. A missão de ajudar a salvar vidas ali já era possível!
A partir de toda a movimentação das “mães sem creche” na região, e convencidos pelo indicativo claretiano “o mais urgente, oportuno e eficaz” sempre para atender aos mais carentes, em 1992, no dia 27 de setembro foi inaugurada a segunda creche, o CEI Claret (Centro de Educação Infantil), construído ao lado do salão paroquial da Igreja do Coração de Maria, onde havia um terreno baldio e nele um improvisado o “Parquinho Infantil”.
Nessa época, os CEIs acolhiam crianças de 3 meses a 5 anos e 11 meses. As novas necessidades estavam em atender acima dessa idade. Por conta dessa nova realidade, em 1995 foi inaugurado o Centro da Criança e do Adolescente - CCA Paulo VI, também no Bairro de Santa Cecília, para crianças e adolescentes de até 16 anos. Já em 1997 nasce o Centro de Educação Infantil Chaquibe Fandi Kalil - Creche Chaquibe, no Bairro de Pirituba e, no ano seguinte, o Centro da Criança e do Adolescente - CCA Claret, também em Pirituba. Todas essas atividades educativas em nome da Ação Social Claretiana, então administrada pelos Padres Cláudio Gregianin e Nestor Zatt e Ir. Hely Vaz Diniz.
Restruturação - 2014
Em 2014, o Governo Provincial dos Missionários Claretianos indica o Sr. Adalberto da Silva de Jesus, advogado, ex-seminarista claretiano, para trabalhar diretamente com o Pe. Cláudio Gregianin para auxiliar na organização das Obras Sociais, não só da então Associação Solidariedade e Esperança (ASES), mas também as demais obras sociais mantidas pela Ação Social Claretiana.
Como as obras estavam geridas de forma diferentes e com controles administrativos e financeiros diversos, inicia-se a centralização da gestão de todas as “Obras” ( independente de CNPJ) em um único administrador e com isso estabeleceu-se vários processos internos administrativos e financeiros para fortalecimento de sua estrutura institucional como Organização da Sociedade Civil, de cunho integralmente filantrópico.
Os anos de 2014 e 2015 foram destinados à conscientização de todas as equipes de que os Obras Sociais tinham um único propósito: o carisma Claretiano, independentemente de CNPJ. E mais, a gestão não mais seria nas próprias unidades, com autonomia irrestrita do diretor juntamente com o Presidente, mas passaria a ser do Presidente com o administrador geral.
Unificada a gestão administrativa, a partir de meados de 2015, o consultor Ricardo Borges passa a auxiliar nas análises financeiras e estratégicas da ASES. O ano de 2016 foi dedicado exclusivamente para a gestão financeira, com análises de Ricardo e Adalberto estabelecendo-se todos os controles para uma unificação financeira e eficiência de gastos, sobretudo iniciando-se um grande processo de aumento do valor do fundo provisionado, que é a garantia de que sempre haverá dinheiro suficiente para custear as verbas rescisórias de toda a equipe, se for o caso. Hoje esse fundo é superavitário.
Nesse período, ainda havia dúvidas sobre a perenidade das obras, visto que ainda eram vistas por quem não estava diretamente envolvido como “ineficientes”, e que “um dia poderiam trazer um grande prejuízo à Província”. Portanto, o discurso esperado era de fechamento e não de crescimento.
A partir de 2017 com particular apoio do ecônomo provincial, Pe. Wagner de Aragão Brito Sobrinho, cmf, percebendo a visão de gestão da equipe da ASES, os controles existentes e perspectivas de crescimento das obras sociais, passa a apoiar e incentivar o fortalecimento e crescimento visando a autonomia financeira e crescimento sustentável. Com esse importante apoio, nos anos de 2017 e 2018 foram inúmeras reuniões e atividades sempre no intuito de garantir esse crescimento estruturado.
Em 2019, foi feito o primeiro planejamento estratégico com a participação de alguns Missionários Claretianos e de vários representantes da gestão da ASES, sede e unidades, para pensarem no futuro da entidade. Com a Assembleia Geral Extraordinária de 06/11/2020 e com a prévia aprovação do Governo Provincial, foi realizada a alteração estatutária da então Associação Solidariedade e Esperança para a nova denominação social de INSTITUTO CLARET - SOLIDARIEDADE E DESENVOLVIMENTO HUMANO, cujo objetivo maior é consolidar os trabalhos sociais desenvolvidos com o ideal do carisma claretiano a partir do próprio nome da Instituição. O nome traz em si o “devotamente à vida”, com solidariedade e desenvolvimento. Não quer ser uma marca, mas sim uma identidade Claretiana.
A expansão - 2021
Em 2021, foram concluídas todas as alterações administrativas e separadas todas as atividades ligadas a outros CNPJs, de tal forma que entregou-se a gestão da CEI SAGRADA FAMÍLIA, que era da Ação Social Claretiana, mas até então gerida pela ASES, para o Instituto Boas Novas; e por outro lado, passou-se a gestão efetiva da CEI FANNY e CCA Coração de Maria, ambos de Itapecerica da Serra, para a Ação Social Claretiana, que efetivamente passou a gerir tais unidades sem qualquer vínculo com a ASES.
Equacionadas todas as questões administrativas, financeiras e de governança, o INSTITUTO CLARET passa a participar efetivamente em mais certames na Prefeitura de São Paulo, aumenta a sua visibilidade, expõe-se mais para ser conhecido e reconhecido e com isso assume expertise em mais serviços da Assistência Social do Município de São Paulo, seja por serviços conveniados, seja por projetos privados.
O INSTITUTO CLARET inicia o ano de 2023 atuando em 4 regiões diferentes da cidade de São Paulo: Brasilândia, Pirituba, Perus e no Centro, sendo as três primeiras regiões periféricas com altos índices de violência e pobreza, contando com cerca de 300 pessoas trabalhando diretamente para promover a transformação, a solidariedade e o desenvolvimento humano por meio do Carisma Claretiano.
Essa trajetória simboliza o Instituto Claret em saída com o objetivo de protagonizar as pessoas por todos os meios possíveis no que for urgente, oportuno e eficaz. Essa essência do carisma claretiano se traduz em nossa Missão de contribuir para o desenvolvimento integral das pessoas vulneráveis, permeada pelos Valores de Ética, Esperança, Fé, Justiça, Liberdade e Solidariedade, com a Visão de nos tornarmos uma organização de referência para a sociedade no desenvolvimento humano e promoção da solidariedade.

